quinta-feira, 23 de abril de 2020

Grandes Construções: conheça a história da Catedral da Sé

Patrimônio histórico do Estado de São Paulo, a CATEDRAL DA SÉ é um dos principais cartões postais da capital paulista. Localizada no marco zero da cidade, a igreja participou de diversos eventos históricos do país.

Mas você sabia que a catedral como conhecemos hoje é a terceira “versão” da igreja? A primeira foi erguida em 1591, feita de taipa de pilão, na mesma praça em que está hoje – local que foi escolhido na época por um cacique.

Curioso, não é? Então conheça mais sobre a história da construção da Catedral da Sé!

Primeira versão da Catedral da Sé

O cacique Tibiriçá, primeiro índio a ser catequizado e batizado pelo jesuíta José de Anchieta, foi o responsável por escolher o local onde foi construída a Velha Sé. A igreja foi feita em taipa de pilão, que é um sistema rudimentar de construção, mas ainda utilizado em alguns lugares do mundo.

Esse sistema consiste em comprimir a terra em formas de madeira, chamadas taipais. Em seguida, o barro é socado, compactado e disposto em camadas de quinze centímetros de altura. Assim, é possível criar uma estrutura resistente. A maior parte da Muralha da China, por exemplo, foi feita com esta técnica.

A Velha Sé, como era conhecida a igreja até então, tinha 34 metros da porta principal ao arco do cruzeiro, 12 metros de largura, seis altares laterais e o altar-mor. Hoje, no exato local onde estava essa primeira igreja, você encontra o Monumento a Anchieta.

Monumento a Anchieta -Foto: JCassiano

Segunda versão

A segunda versão da igreja foi construída depois que ela ganhou status de catedral, em 1745. Como a primeira era considerada frágil, ela foi completamente demolida, e outra foi construída em seu lugar.

Praça da Sé em 1880 – Foto: Marc Ferrez

Terceira versão

A terceira versão da Catedral da Sé é como a conhecemos hoje.  A construção começou em 1913, depois de muita discussão acerca da demolição do antigo prédio.

O projeto escolhido foi o do professor da Escola Politécnica Maximilian Hehl. O arquiteto alemão projetou uma igreja em estilo gótico, mas incluindo elementos da fauna e da flora brasileira.

Muita gente acha estranho olhar para as imponentes paredes e encontrarem um tatu ou um lagarto esculpido nelas. Mas isso foi feito para trazer mais brasilidade para a construção, que era considerada muito europeia em uma época em que as pessoas buscavam valorizar o que era nacional.

ATRASOS

Apesar de ter sido inaugurada em 1954, 41 anos depois de iniciada, muita coisa só foi concluída depois. A construção da Catedral da Sé sofreu com a falta de dinheiro e diversos atrasos devido à dificuldade de conseguir os materiais.

Inauguração da Catedral da Sé em 25 de janeiro de 1954, Foto: Werner Haberkorn

Isso porque os materiais de construção eram encomendados e trazidos da Europa. Porém, esse continente sofria com as duas grandes Guerras Mundiais, o que impedia o envio dos materiais. Por isso, quando inaugurada, a Catedral ainda não tinha as duas torres principais. Estas ficaram prontas apenas na década de 1970.

CATEDRAL DA SÉ: CARACTERÍSTICAS

Hoje, a Catedral da Sé é apenas o 21º maior templo da cidade de São Paulo. Ainda assim, os números impressionam:

  • 111 metros de comprimento
  • 46 metros de largura
  • 65 metros de altura na cúpula
  • 92 metros nas torres
  • Capacidade para 8 mil pessoas

A igreja é toda feita de alvenaria e granito maciço, com uma técnica chamada cantaria (arte de talhar e aparelhar pedras). Entre os “Mestres da Cantaria” estava um arquiteto negro escravizado, chamado Tebas, que foi responsável pela ornamentação da igreja.

O acabamento da igreja inclui também 800 toneladas de mármore. Já a cúpula é feita de concreto.

Cripta

Divulgação

Considerada uma igreja subterrânea, a cripta da Catedral da Sé foi inaugurada em 1919.Trata-se de um vasto salão suportado por várias colunas e arcos de perfil gótico.

A cripta fica sete metros abaixo do altar principal da igreja, tem 619 m² e abriga 30 câmaras mortuárias.

Nestas câmaras, estão sepultados os bispos e arcebispos de São Paulo. Mas, além deles, figuras históricas também estão nela, como o próprio cacique Tibiriçá e o Regente Feijó (que governou o Brasil enquanto D. Pedro II era jovem).

Detalhes da cripta da Catedral da Sé – Fotos: Celso Tavares/G1

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